sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O choro do bebé

O choro é inato a todos os bebés, e eles usam-no para comunicar, para exprimir as suas necessidades e os seus medos, até à altura em que começam a falar. A primeira coisa que o bebé faz logo que nasce é chorar. Com o primeiro choro ele vai inspirar ar para os pulmões.

O bebé é incapaz de dizer o que precisa ou o que sente, recorrendo, desta forma, a sinais corporais, como mexer os pés e as mãos energicamente, virando constantemente a cabeça, entre outros. No entanto, o choro é o melhor instrumento de comunicação que o bebé possui, permitindo-lhe chamar a atenção do meio que o envolve do modo mais rápido e eficaz.

Nas primeiras semanas os pais sentem maior dificuldade em descodificar o choro do seu bebé, mas com o tempo e à medida que vão interagindo com o filho, aprendem e reconhecer certas diferenças no choro e a agir de acordo com as necessidades do bebé.

Para que o choro do seu bebé não seja um constante motivo de preocupação, convém que saiba distinguir os diferentes tipos de choro e as respostas adequadas.

As causas do choro variam de razões simples a situações de perigo de vida. Por isso, o choro de um bebé nunca deve ser ignorado. A maior parte das vezes é difícil diagnosticar porque choram. Quando o seu filho estiver a chorar, deverá sempre deixar-se conduzir pelos seus sentimentos. A criança precisa de muito amor e de contacto físico e a este respeito nunca será demasiadamente “mimada”.

Aqui estão algumas das causas mais comuns:

 O Choro de Fome
Este é provavelmente o tipo de choro mais fácil de identificar, especialmente para a mãe do bebé. Quando chora de fome, o bebé tende a acalmar-se ao ver que a sua refeição está a ser preparada. Caso esteja a amamentar, se o encostar ao peito, ou se pegar no biberão e na babete, se o sentar na cadeirinha ele acalma-se.

O choro de fome é equivalente a gemidos, semelhantes a um apelo que não cessam com carinhos, somente quando estiver satisfeito.

 O Choro de Sede
Para além da fome, o bebé pode também chorar com sede, embora este tipo de choro seja menos frequente, já que o leite materno e os leites adaptados satisfazem, em simultâneo, as necessidades hídricas e calóricas. A partir do momento em que inicia a introdução de novos alimentos pode dar-lhe água fervida, à colher ou num biberão.

Os bebés podem precisar de água se estiverem num ambiente demasiado quente e seco, provocado por aquecimento artificial ou se, durante o Verão, estiver muito calor e o bebé começar a ficar desidratado. As viagens de automóvel podem também contribuir para a desidratação, portanto lembre-se de dar água ao seu bebé sempre que viajar com ele. Se o bebé estiver com diarreia não descure a hidratação.

 O Choro de Sono
O cansaço é muitas vezes o principal responsável pelas crises prolongadas de choro.
Por mais cansado que o bebé esteja, nada o impede de gritar, por vezes de forma intensa e ruidosa e outras vezes baixinho e de forma monótona, acabando por adormecer, embalado no seu próprio choro. Isto normalmente acontece quando o bebé já ultrapassou, a hora habitual de ir dormir ou se está mais excitado do que o habitual por ter estado em ambientes muito ruidosos e movimentados.

Quando o choro do seu bebé é devido a cansaço, deve tentar estabelecer horários para dormir, evitar demasiadas visitas e espaços muito ruidosos e movimentados.


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 O Choro por Dores
Quando existe a possibilidade do seu bebé estar doente, a primeira coisa a fazer é medir-lhe a temperatura, pois por muito ligeira que seja, a febre incomoda o bebé, fazendo-o chorar. Depois terá de tentar perceber se ele tem dores e onde. O choro de dor é um grito agudo seguido de um pequeno intervalo.

O motivo do choro pode ser, por exemplo, uma otite, dor de dentes, garganta irritada, dores corporais, reacção a algum tipo de alimento, infecções, obstipação ou cólicas.
No caso de otite, o seu bebé chorará ininterruptamente e pode levar as mãos ao ouvido que lhe dói.

Se o bebé chorar devido às dores provocadas pelo surgimento dos primeiros dentes, tente aliviar-lhe a dor massajando-lhe as gengivas com gel especialmente indicado para o efeito, dando-lhe brinquedos adequados para esta fase do crescimento que ele possa colocar na boca e massajar onde lhe dói.

No caso de apresentar a garganta irritada o seu bebé sentirá dificuldade na deglutição (engolir os alimentos e beber líquidos), acabando por chorar. As dores corporais resultantes de gripe ou alguma doença infecciosa podem também resultar em choro do bebé.

A Reacção alérgica a algum tipo de alimento para além do choro causa normalmente, vermelhidão, falta de ar, diarreia e/ou vómitos.

Todas as infecções causam alguma dor ou irritação que fará o bebé chorar. As infecções podem surgir em qualquer parte do corpo e geralmente causam febre, vermelhidão e inchaço.
A Obstipação provoca choro quando o bebé tem vontade de defecar, mas, pelo facto das fezes se apresentarem endurecidas surge desconforto/dor abdominal. Durante os três primeiros meses de vida é frequente os bebés terem dores abdominais por acumulação de gases. As cólicas provocam um choro intenso e forte e que podem surgir acompanhadas de sinais que revelam a existência de dores abdominais. Nestes casos, enquanto chora, o bebé flecte os braços e as pernas, ao mesmo tempo que a sua face fica vermelha, apresenta um aspecto tenso e o abdómen fica distendido e duro. Normalmente, os gritos são emitidos durante várias horas e, mais frequentemente, nas primeiras horas da noite, aliviando durante o dia. As cólicas podem dever-se a gazes, nos casos em que os bebés, ao mamarem, ingerirem muito ar. Pode ajudá-lo a expeli-los fazendo-lhe massagens na barriga no sentido dos ponteiros do relógio e mexendo as suas perninhas como se estivesse a pedalar numa bicicleta.

Para evitar a acumulação de gases, evite deixar o seu bebé muitas horas sem se alimentar, porque ao tentar comer mais depressa irá engolir mais ar; adapte-o bem à mama ou, no caso de usar biberão, tenha o cuidado de o inclinar o suficiente para que a tetina esteja completamente preenchida por leite; no final de cada mamada segure o bebé na vertical, de forma a que ele arrote; efectue com regularidade massagens na região abdominal.

O essencial é o seu estado de espírito. Procure manter-se calma, uma vez que o seu bebé pressente a ansiedade dos pais, o que transforma o problema num ciclo vicioso: o choro da criança gera um estado de irritação e ansiedade nos pais, e por sua vez, este é responsável pelo nervosismo e agitação da criança. Nestas circunstâncias nunca grite com a criança nem a movimente bruscamente. O amor e o carinho dos pais não tira a dor, mas fazem com que o bebé se acalme e são sempre a melhor forma de lidar com este tipo de situações.

 O Choro de Desconforto
Se por algum motivo, o bebé não se sentir confortável, é natural que chore para manifestar o seu desconforto. Se, por exemplo, tiver a fralda suja, o choro é a forma de chamar a atenção e mostrar que precisa de ser mudado. A fralda deve ser mudada de forma a prevenir lesões e a manter a pele íntegra. É fundamental que os pais estejam atentos a possíveis irritações na região anal e genital.

O calor e o frio podem também ser motivos de desconforto, e consequentemente provocar uma crise de choro. Proteja o seu bebé apenas com a roupa necessária ao tipo de ambiente em que ele se encontra. O mesmo acontece com um ambiente ruidoso, levando o bebé a reagir, chorando de forma repetida. Em geral, os bebés não gostam de estar em sítios demasiado barulhentos portanto o melhor será evitá-los.

 O choro por carência afectiva
Há bebés que precisam de mais colo para se sentir seguros. Se o seu filho tem a fralda seca, não tem fome nem sede, está num ambiente calmo, não tem febre e continua a chorar, pode ser que esteja, apenas a pedir colo.

Hoje em dia, é muito discutível a questão de saber se os pais devem acorrer ao filho todas as vezes que ele chora ou se, por vezes, o devem deixar chorar um pouco porque isso não lhe faz mal. A questão coloca-se relativamente à quantidade dos mimos e maus hábitos que uma criança pode adquirir com determinados comportamentos dos pais. Acima de tudo, a decisão é sua. Decidir se lhe vai pegar todas as vezes que o bebé chora é uma questão de bom senso que ninguém lhe poderá ensinar e que deve gerir conforme os resultados que for obtendo e a sua disponibilidade de tempo.

Uma solução será tocar no bebé sem lhe pegar ao colo ou falar com ele, para que perceba de que está rodeado de pessoas que lhe dão atenção e sentem a sua presença.

Esteja atenta a todos os factores que podem provocar desconforto no seu bebé, assim será mais fácil identificá-los e acalmar o seu filho.

_______________________ Cláudia Isabel Moreira Fernandes e Maria Luísa Ferreira da Costa (Enfermeiras do Centro de Saúde de Santa Maria da Feira, a exercer funções na Unidade de Saúde de Canedo, em estágio no Curso de Preparação para o Parto)

Bibliografia:
CORDEIRO, Orlando – O Guia Cuidar do Bebé. 11ª Edição. Carnaxide: Felicitas, 2005.
http://saudeinfantilfeira.blogspot.com
http://bebes.com.pt
http://brasil.babycenter.com
http://guiadobebe.uol.com.br
http://www.bebes.com.pt

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito do artigo, ajudou-me aperceber melhor o choro daminha filha Bruna,obrihada.
Teresa

Anónimo disse...

Parabéns por este artigo. Está muito interessante. A minha Inês chorava muito por causa das cólicas, fazia aflição. Depois o pediatra aconselhou-me a dar-lhe umas gotinhas de aero-om e a fazer-lhe massagens na barriguita e felizmente o sofrimento acabou.