Comportamentos das crianças
Educar uma criança não é tarefa fácil.
Na maior parte das vezes os pais têm dúvidas:
- Como devo educar?
- Existem formas melhores?
- Farei bem ou mal?
- Devo castigá-lo?
NA VERDADE, NÃO EXISTE UMA RECEITA...
Mas alguns cuidados são importantes para que não se caia em extremos... Nem 8 nem 80!
É importante:
- Tolerar sem esquecer quem são os pais,
- Facilitar sem deixar fazer tudo o que a criança quer,
- Vigiar sem impor.
É IMPORTANTE FAZER COM QUE A CRIANÇA CUMPRA AS REGRAS IMPOSTAS.
Muitas vezes, os pais hesitam em dizer não ou em repreender a criança porque temem que ela fique “traumatizada”, criando uma relação onde ela detém o poder, pois, rapidamente, passa a fazer uso da ideia de que realmente não pode ser contrariada nas suas vontades.
Não é saudável que deixem a criança fazer tudo o quer e não lhe imponham regras, alimentando um sentimento de que tudo lhe é permitido.
Ao procurar dar mais e mais à criança, podem estar a contribuir para a inversão de valores importantes para viver em sociedade, como a partilha e o respeito pelos outros.
DEVEMOS SABER QUE...
Impor regras e limites aos comportamentos não quer dizer que não se gosta da criança! Quer dizer exactamente o contrário: significa ensinar à criança como se deve viver saudavelmente com os outros.
Impor regras é ajudar a criança a crescer! Elas devem saber o que podem e não fazer em sociedade.
1. Porque é que o meu filho tem determinados comportamentos?
À medida que vai crescendo, a criança vai aprendendo a forma com as pessoas que estão à sua volta reagem ao seu comportamento.
Uma criança que se recusa sistematicamente a comer sozinha e cujos pais acabam por (após muita insistência e sem resultado) lhe dar de comer à boca, aprende que não precisa de comer sozinha, uma vez que os pais acabam sempre por ceder.
A reacção do adulto é, portanto, um elemento fundamental da relação, porque ensina a criança a controlar-se e como se deve comportar de forma adequada.
É importante perceber que a criança levou meses ou mesmo anos a desenvolver os seus comportamentos e, portanto, não é de um momento para o outro que os vai alterar. É preciso paciência!
2. O papel dos pais...
Os pais são competentes para resolver os problemas da família à medida que estes vão surgindo, sobretudo se usarem carinho, compreensão, tolerância e definirem regras e fronteiras claras.
3. Porque é que os comportamentos não adequados e a desobediência persistem?
- estão a ser reforçados inadequadamente
- não têm consequências e a criança obtém o que deseja com esse comportamento
4. Porque é que o comportamento acontece?
Um comportamento depende
- Daquilo que acontece antes (estímulo)
- Daquilo que acontece depois (consequência)
5. Que comportamentos a criança tem?
As crianças...
- repetem comportamentos que têm consequências agradáveis e
- não realizam comportamentos que têm consequências desagradáveis.
Por exemplo, a Marta agride a irmã para se sentar à frente no carro. Se os pais o permitirem (não derem nenhuma consequência desagradável) ela vai sentir-se reforçada e tenderá a repetir este comportamento. No entanto, se lhe for apresentada uma consequência (exemplo: ter que ir o caminho de ida e volta no banco de trás) este comportamento tenderá a desaparecer.
ALGUMAS ATITUDES QUE PROMOVEM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO:
1. A desautorização entre os pais: é natural que os pais nem sempre estejam de acordo. No entanto, não devem nunca desautorizarem-se em frente da criança pois faz com que ela sinta que não há regras claras e autoridade, criando ela as suas próprias regras.
2. Usar sermões: são inúteis porque mais tarde a criança volta a fazer a mesma coisa. As crianças compreendem melhor se tiverem consequências directas aos seus comportamentos do que as palavras. É preciso agir e não dar sermões.
3. Fazer ameaças e não cumprir: as ameaças causam medo nas crianças e, mais tarde ou mais cedo, elas vão perceber que os pais estão a mentir.
4. Ser inconsistente: dizer uma coisa e fazer outra... As regras devem ser sempre as mesmas e levadas até ao fim! Por exemplo, é um erro dizer “tens que comer sozinho, não te vou dar a comida à boca mais uma vez” e, face à insistência da criança, acabar por ceder, dando-lhe a comida na boca.
5. Gritar: a única vantagem é aliviar a tensão dos pais. Mas as desvantagens são maiores: mostra descontrolo e ensina a fazer o mesmo. Mostra à criança que vence quem fala mais alto.
6. Ceder às birras: quando os pais decidem dizer não, deve ser não até ao fim, independentemente do comportamento da criança. Caso contrário a criança vai aprender que com a birra consegue o que quer. Por exemplo, se a criança insiste que quer um chocolate no café e os pais dizem que não, não devem mudar de opinião com a sua birra, choro ou teimosia, senão a criança vai aprender que sempre que fizer birra vai te o que quer. Não é não!
7. Criticar a criança e não o comportamento: “És sempre o mesmo, nunca vais mudar!”. A criança vai aprender que é mesmo assim e não há nada a fazer.
8. Bater: não funciona porque a criança só obedece naquele momento. Passado pouco tempo volta a fazer o mesmo.
ENTÃO O QUE DEVEMOS FAZER?
Estabelecer regras claras e únicas, bem como as consequências de não as cumprir.
A criança deve saber o que pode esperar do seu comportamento.
Moldar os comportamentos com as suas recompensas
- Reforçar os comportamentos adequados:
Quando a criança faz o comportamento desejado, deve-se recompensá-la (por exemplo, uma ida ao parque, uma sobremesa ao seu gosto, uma história ao deitar, ou simplesmente, e mais importante, um elogio: “muito bem, hoje comeste a sopa sozinha, fico muito contente contigo!”
- Ignorar ou não reforçar comportamentos desadequados:
Por exemplo, quando a criança faz uma birra, ignorar até ela acabar. Se os pais reconfortarem a criança fazendo aquilo que ela quer, reforçam este comportamento, ou seja, vão fazer com que a criança repita a birra.
Continua...
João Figueiredo
Psicólogo
Na maior parte das vezes os pais têm dúvidas:
- Como devo educar?
- Existem formas melhores?
- Farei bem ou mal?
- Devo castigá-lo?
NA VERDADE, NÃO EXISTE UMA RECEITA...
Mas alguns cuidados são importantes para que não se caia em extremos... Nem 8 nem 80!
É importante:
- Tolerar sem esquecer quem são os pais,
- Facilitar sem deixar fazer tudo o que a criança quer,
- Vigiar sem impor.
É IMPORTANTE FAZER COM QUE A CRIANÇA CUMPRA AS REGRAS IMPOSTAS.
Muitas vezes, os pais hesitam em dizer não ou em repreender a criança porque temem que ela fique “traumatizada”, criando uma relação onde ela detém o poder, pois, rapidamente, passa a fazer uso da ideia de que realmente não pode ser contrariada nas suas vontades.
Não é saudável que deixem a criança fazer tudo o quer e não lhe imponham regras, alimentando um sentimento de que tudo lhe é permitido.
Ao procurar dar mais e mais à criança, podem estar a contribuir para a inversão de valores importantes para viver em sociedade, como a partilha e o respeito pelos outros.
DEVEMOS SABER QUE...
Impor regras e limites aos comportamentos não quer dizer que não se gosta da criança! Quer dizer exactamente o contrário: significa ensinar à criança como se deve viver saudavelmente com os outros.
Impor regras é ajudar a criança a crescer! Elas devem saber o que podem e não fazer em sociedade.
1. Porque é que o meu filho tem determinados comportamentos?
À medida que vai crescendo, a criança vai aprendendo a forma com as pessoas que estão à sua volta reagem ao seu comportamento.
Uma criança que se recusa sistematicamente a comer sozinha e cujos pais acabam por (após muita insistência e sem resultado) lhe dar de comer à boca, aprende que não precisa de comer sozinha, uma vez que os pais acabam sempre por ceder.
A reacção do adulto é, portanto, um elemento fundamental da relação, porque ensina a criança a controlar-se e como se deve comportar de forma adequada.
É importante perceber que a criança levou meses ou mesmo anos a desenvolver os seus comportamentos e, portanto, não é de um momento para o outro que os vai alterar. É preciso paciência!
2. O papel dos pais...
Os pais são competentes para resolver os problemas da família à medida que estes vão surgindo, sobretudo se usarem carinho, compreensão, tolerância e definirem regras e fronteiras claras.
3. Porque é que os comportamentos não adequados e a desobediência persistem?
- estão a ser reforçados inadequadamente
- não têm consequências e a criança obtém o que deseja com esse comportamento
4. Porque é que o comportamento acontece?
Um comportamento depende
- Daquilo que acontece antes (estímulo)
- Daquilo que acontece depois (consequência)
5. Que comportamentos a criança tem?
As crianças...
- repetem comportamentos que têm consequências agradáveis e
- não realizam comportamentos que têm consequências desagradáveis.
Por exemplo, a Marta agride a irmã para se sentar à frente no carro. Se os pais o permitirem (não derem nenhuma consequência desagradável) ela vai sentir-se reforçada e tenderá a repetir este comportamento. No entanto, se lhe for apresentada uma consequência (exemplo: ter que ir o caminho de ida e volta no banco de trás) este comportamento tenderá a desaparecer.
ALGUMAS ATITUDES QUE PROMOVEM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO:
1. A desautorização entre os pais: é natural que os pais nem sempre estejam de acordo. No entanto, não devem nunca desautorizarem-se em frente da criança pois faz com que ela sinta que não há regras claras e autoridade, criando ela as suas próprias regras.
2. Usar sermões: são inúteis porque mais tarde a criança volta a fazer a mesma coisa. As crianças compreendem melhor se tiverem consequências directas aos seus comportamentos do que as palavras. É preciso agir e não dar sermões.
3. Fazer ameaças e não cumprir: as ameaças causam medo nas crianças e, mais tarde ou mais cedo, elas vão perceber que os pais estão a mentir.
4. Ser inconsistente: dizer uma coisa e fazer outra... As regras devem ser sempre as mesmas e levadas até ao fim! Por exemplo, é um erro dizer “tens que comer sozinho, não te vou dar a comida à boca mais uma vez” e, face à insistência da criança, acabar por ceder, dando-lhe a comida na boca.
5. Gritar: a única vantagem é aliviar a tensão dos pais. Mas as desvantagens são maiores: mostra descontrolo e ensina a fazer o mesmo. Mostra à criança que vence quem fala mais alto.
6. Ceder às birras: quando os pais decidem dizer não, deve ser não até ao fim, independentemente do comportamento da criança. Caso contrário a criança vai aprender que com a birra consegue o que quer. Por exemplo, se a criança insiste que quer um chocolate no café e os pais dizem que não, não devem mudar de opinião com a sua birra, choro ou teimosia, senão a criança vai aprender que sempre que fizer birra vai te o que quer. Não é não!
7. Criticar a criança e não o comportamento: “És sempre o mesmo, nunca vais mudar!”. A criança vai aprender que é mesmo assim e não há nada a fazer.
8. Bater: não funciona porque a criança só obedece naquele momento. Passado pouco tempo volta a fazer o mesmo.
ENTÃO O QUE DEVEMOS FAZER?
Estabelecer regras claras e únicas, bem como as consequências de não as cumprir.
A criança deve saber o que pode esperar do seu comportamento.
Moldar os comportamentos com as suas recompensas
- Reforçar os comportamentos adequados:
Quando a criança faz o comportamento desejado, deve-se recompensá-la (por exemplo, uma ida ao parque, uma sobremesa ao seu gosto, uma história ao deitar, ou simplesmente, e mais importante, um elogio: “muito bem, hoje comeste a sopa sozinha, fico muito contente contigo!”
- Ignorar ou não reforçar comportamentos desadequados:
Por exemplo, quando a criança faz uma birra, ignorar até ela acabar. Se os pais reconfortarem a criança fazendo aquilo que ela quer, reforçam este comportamento, ou seja, vão fazer com que a criança repita a birra.
Continua...
João Figueiredo
Psicólogo
4 comentários:
Obrigada Dr. Figueiredo, estou a gostar muito deste artigo, fica a agurdar a próxima parte.
Gostei muito, também volto cá para aprender mais.
Rosa Mª
Muito importante temas como este, cada dia é mais difícil educar e os pais sentem maiores duvidas.
Boa Tarde
Achei o artigo mto interessante.
Agora gostava de lhe colocar uma questão que é a seguinte.
Numa criança de 4 anos que foi mal habituada,mimada e com uma personalidade fortissima, que nos leva ao limite da paciencia pela sua desobidiencia, por querer que seja sempre tudo à maneira dela, como agir?
Ainda vamos a tempo de lhe mudar o seu comportamente e obter resultados?
Obrigada
Rita
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